quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

afinal


a palavra
fim
em si mesma

. . . . . . . . . . . . . . . . .fim.

sábado, 13 de novembro de 2010

desaforismo 9 - Do amor platônico

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o amor platônico é sempre verdadeiro,
até (ou principalmente) quando não é.

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segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Utopia legionária


Ela disse: "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã."
No dia seguinte, foi embora e nunca mais voltou.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

anúncio de medida econômica

Troca-se vestido de noiva sem uso por carrinho de bebê em bom estado.

domingo, 3 de outubro de 2010

o futuro já era promissor


"Obrigado, obrigado. A melhor coisa que fiz foi nascer. O resto foi consequência,” disse ele, agradecendo os parabéns quando ingressou no ensino fundamental. Hoje é deputado.
 

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

desaforismo 8


É preciso muita coragem para enfrentar o próprio medo.


(...e muita força para encarar a própria fraqueza.)

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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Intimidade


de um lado, a lua cheia
do outro, o sol poente
ali, a vida alheia
aqui, é só a gente

outros não verão
o outono-inverno
que nos primavera
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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Não era de verdade

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Acorda, mãezinha, não era de verdade. O pai só tava brincando com o facão. 
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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Não Sou Sócrates


~~~ Só sei que não sei nadar ~~~~

 
 .

sábado, 10 de abril de 2010

desaforismo (7)

O verdadeiro cético, o cético radical é também radicalmente honesto. É impossível ser radicalmente cético e desonesto. Por outro lado, o ceticismo seletivo (voltado apenas contra aquilo em que não se acredita a priori) é, por definição, intelectualmente desonesto.

O cético radical (intelectualmente honesto) põe dúvida até sobre a própria dúvida e deixa sempre aberta a possibilidade da fé.

A dúvida cética é radicalmente diferente da fé cega no "não". Duvidar não é negar, é apenas não afirmar. Em última análise, a fé na negativa (ou a negação do que não pode ser demonstrado e, portanto, não pode ser negado) é tão cega e irracional quanto qualquer outro tipo de fé, religiosa ou de outro tipo.

sábado, 27 de março de 2010

Miragem

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Como não morrer de sede

neste mundo tão seco
se cada vez que te encontro
eu mesmo me perco?
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quinta-feira, 25 de março de 2010

1972


Uma saudade intransitiva

como um por-do-sol de outono
às margens do Guaíba.

(aos seis anos eu nem sabia o que era solidão)

quarta-feira, 24 de março de 2010

Vida Ganha


vive do que

. . . . . .

. . . . . . . lhe

. . . . . . . . .dão

quarta-feira, 17 de março de 2010

Brainstormy-Lines


-Aspirante a escritor, nesta idade? É melhor você se apressar antes que passe de aspirante a inspiração para alguma tragédia ou, pior, alguma comédia bufa escrita por outro.

Finjo que ignoro o cara. Só porque ele fala do outro lado do espelho, acha que pode dizer tudo que pensa? Um dia, ainda o encho de porrada, mas não agora. Nem respondo, porque não gosto de conversar nem de comer enquanto me barbeio. Já me disseram que escritor não tem idade para começar a carreira e que muitos dos grandes começaram tarde.

-Ah, sei... não há idade para se começar a escrever -o desgramado parece que lê pensamentos- mas, já pensou se houver uma idade para se PARAR de escrever? e se você começar a escrever depois da idade em que já devia ter parado? Fico com medo que isto gere um paradoxo, uma dobra no espaço-tempo que possa engolir todo o universo, destruindo tudo que conhecemos e até o que ignoramos...

-Ora, cale-se! digo pro panaca do outro lado do vidro. Lavo o rosto e saio do banheiro, o humor estragado.

De passagem pela cozinha, pego um copo de refresco sabor "Pequi Verde" (é da D-Lite, e eu nem ganho comissão de merchan para escrever isto aqui) e venho pro computador. Escritor tem que ter um copo ou xícara de alguma coisa líquida do lado, faz parte das leis da natureza. E cinzeiros, mesmo que não fume. Como parei de fumar, acendo uns incensos para dar um clima ao escritório e um uso aos cinzeiros. Em meio à fumaça, começo a produzir uma série de "story-lines", sem pensar muito criticamente, bem "brainstorm" mesmo. "Brainstormy-lines". Vamos lá:

1. Anselmo sonha em ser galã de cinema, mas, sendo muito baixo para seu peso e tendo o corpo diminuto em relação à cabeça e esta pequena em relação ao nariz, o ápice de sua carreira foi o papel de pinguim figurante num documentário sobre ursos polares. O papel é cancelado quando o diretor descobre que não há pinguins no ártico e Ancelmu deside entãu tornarce roterista. Para tantu, vai precisar se aufabetisar melór.

2. Nelsoneide sempre desejou ser jogadora profissional de basquete e, para realizar seu sonho, muda-se para Osasco em busca de uma oportunidade no time da financeira Deskobra. Após lutar muito contra o preconceito e a discriminação (querem impedi-la de ser profissional no basquete só porque ela tem 1,47m de estatura média!), acaba desistindo do basquete ao descobrir seu verdadeiro talento: torna-se modelo fotográfico e atriz de comerciais de produtos infantis.

3. Nelsoneide é convidada para trabalhar no filme "Omleth", baseado na peça anônima (que significa "de mesmo nome", explico pro cara do espelho, que não sabe muita coisa) de Guillermo Shakesperm, onde deveria contracenar com Anselmo, que tenta, pela última vez, trabalho como ator. Ele chega a gravar uma cena, no papel de um tucano falante com o qual Omleth trava um duelo verbal, mas a cena é excluída na edição porque a história se passa na Lapônia e não há tucanos no subártico. Assim, Nelsoneide e Anselmo acabam não se conhecendo e perde-se a chance de produzir uma comédia romântica sobre pessoas de baixa estatura média.

4. Niceleide vive em uma cidade pacata. É tudo tão calmo, lá... nada acontece e sua vida não rende nem uma story-line. Decide, então, mudar seu nome para Nelsoneide e se mudar para a cidade grande para tentar a carreira de jogadora profissional de basquete.

Na manhã seguinte, antes de fazer a barba, conto ao cara do espelho sobre as minhas brainstormy-lines.

-Você é doente. Devia procurar ajuda profissional, um psiquiatra, neurologista, terapeuta, os harekrishna, um veterinário, qualquer coisa.

É mais ou menos neste momento que decido deixar a barba crescer.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

o meio e o fim


Após anos em busca de trabalho, tornou-se prospector de vagas em uma agência de empregos.

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* Publicado originalmente nos Minimínimos

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Motoboy


De dia, é acusado por todos de correr demais, fazer manobras perigosas. Irresponsável! dizem.

À noite, só ganha gorjetas quando a pizza chega quentinha e rápido. Então dizem: Que eficiente!
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* Publicado originalmente nos Minimínimos

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

retomadas buscas*



Sempre que chovia, e só quando chovia, saía pelas ruas procurando a família.


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* Publicado originalmente nos Minimínimos

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

desaforismo (6)

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Tudo que eu vejo se vê no espelho.
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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Imagem fora de lugar


Do alto, os campos, as árvores, os animais, as casas, tudo parece de brinquedo. Entre dois morros, as águas de um rio correm alegremente para longe e tudo é muito distante e muito completo, na amplidão. De longe, estamos dentro da paisagem, porque estamos fora dela, esta imensidão que nos engole como um mapa.

Logo à frente, correndo sobre os trilhos, um trem corta o mundo em norte e sul. Penso, imediatamente, em um zíper, ao mesmo tempo unindo e separando o lugar onde estou dos outros lugares, e o agora dos outros tempos.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A dieta do papai *


“Amor, descobri uma coisa legal para perder peso.”

“Que bom! O que é?”

“Quando eu cozinho, eu como menos, não sei por quê.”

“Sim, querido, quando você cozinha, todo mundo come menos.” 


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* Publicado originalmente nos Minimínimos

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O Avesso


Detestava-o.

Visceralmente.
Ao vê-lo, pensava em esganá-lo, lenta e infinitamente. 

Ao ouví-lo, tinha ganas de silenciá-lo a pedradas.

Foi assim, até ele roubar o primeiro beijo.


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* Publicado originalmente nos Minimínimos

sábado, 16 de janeiro de 2010

sina (tentativa de haicai - 11)



    Sob a chuva fina
    também eu vou, lentamente,
    seguindo esta sina. 


sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

teflon

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pular muros não faz liberdade.

não há liberdade alguma na fuga bem-sucedida.
liberdade é a desnecessidade da fuga
é a fuga ser impensável, inconcebível, inexistir como conceito.
é não haver muros.


quem não está preso ao solo não precisa de asas.
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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

À ESPREITA *

para Juliana Caribé
olhar atento:
como queria
capturar o momento
em que ali,
na sua frente,
passasse o tempo!

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* Poema-presente de amigo-secreto-poético que
escrevi para a Juliana,
do blogue entre linhas...
A brincadeira foi promovida pelo
Blog de 7 Cabeças.