sexta-feira, 5 de junho de 2009

Pro Santo

Pro-Santo desperdiçava muita bebida naquele boteco. Antes de beber qualquer coisa (até água!) sempre despejava um pouquinho no chão dizendo que era “pro santo”. Ninguém jamais soube o nome do santo ou a origem do hábito.

Num final de ano, começou a beber depois do almoço e acordou de manhã numa maca, com um tubo de soro ligado ao braço. Dois dias depois, estava de volta ao bar. Um pouco hesitante, pediu uma cerveja e serviu um copo. Então, com uma cara triste e reverente, foi até a porta e despejou o resto da bebida na calçada. A cerveja escorreu, espumando, até a sarjeta.

“Ôôô, Pro-Santo! 'Tá maluco, hômi?”

“'Tou em dívida.”

“Fez promessa pra sair logo do hospital?”

“Pior, muito pior. Tomei um monte de soro na veia!”

“E daí?”

“Daí que eu pedi pra dar um pouco de soro pro santo, mas o doutor não deixou. Fiquei devendo. Agora tenho que acertar as contas, né?”

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* publicado originalmente na edição de número 13 da revista Minguante (editado).

5 comentários:

  1. Já tinha visto lá, mas comento aqui: gostei, pequeno e prático como você gosta, muito legal mesmo.

    abraço!

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  2. Hahaha, eu não pago promessa por causa dos outros, o medico que pagasse! Desperdiçar cerveja é um pecado!

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  3. ehehe... está muito bom, conciso e divertido. adorei.
    beijos

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  4. Concordo com o "teorico"....rsrs legal! J.R

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